Entenda de Forma Simples e Sem Complicações
Um dos maiores sonhos do brasileiro é conquistar a casa própria. Sair do aluguel, ter um cantinho para chamar de seu, deixar a chave pendurada na parede com orgulho.
Mas com os altos preços dos imóveis, a maioria das pessoas precisa recorrer a um financiamento imobiliário para tornar esse sonho possível.
É aí que entram palavras como juros, parcelas, CET e amortização — que muita gente já ouviu, mas nem sempre entende bem.
Neste artigo, vamos explicar tudo de forma simples, com exemplos práticos, para te ajudar a tomar decisões mais conscientes.
No final, você vai entender o que é amortização,
como ela funciona e como pode economizar milhares de reais no seu
financiamento.
O sonho da casa própria
Comprar um imóvel é, para muitos, a maior compra da vida. Mas nem todo mundo tem os R$ 200 mil, R$ 300 mil ou mais para pagar à vista.
Por isso, os bancos oferecem o financiamento, que é basicamente um empréstimo de longo prazo (geralmente de 20 a 35 anos) para você pagar a casa em parcelas mensais.
Você dá uma entrada (em torno de 20% do valor do imóvel, em
média), e o restante é financiado com juros. Parece simples, mas aí entram
algumas armadilhas — especialmente os juros compostos.
Como funcionam os financiamentos dos bancos
Os principais bancos do país oferecem financiamentos pelo Sistema Financeiro da Habitação (SFH) ou pelo Sistema de Financiamento Imobiliário (SFI).
Ambos permitem financiar imóveis novos ou usados, com
taxas diferentes conforme seu perfil, valor do imóvel e relacionamento com o
banco.
Exemplo básico:
- Valor
do imóvel: R$ 300.000
- Entrada:
R$ 60.000 (20%)
- Valor
financiado: R$ 240.000
- Prazo:
30 anos (360 meses)
- Taxa
de juros: 9% ao ano + TR (Taxa Referencial, atualmente zerada)
Entendendo os juros no financiamento
Os juros no financiamento funcionam como o “aluguel” do dinheiro que o banco emprestou. E eles são compostos, ou seja, você paga juros sobre os juros.
No início do financiamento, as parcelas vão
majoritariamente para pagar os juros, e só uma pequena parte vai realmente para
abater a dívida (o chamado saldo devedor).
Isso significa que nos primeiros anos, você paga muito e a
dívida mal diminui. Só depois de vários anos é que começa a amortizar de forma
mais significativa. E é aí que entra o poder da amortização.
O que é amortização de financiamento imobiliário?
Amortizar significa pagar parte da dívida principal.
Existem duas formas principais de fazer isso:
- Amortização
normal (inclusa na parcela): Já vem embutida na sua prestação mensal.
- Amortização
extraordinária (antecipada): Quando você adianta parcelas ou
faz pagamentos extras, diminuindo o valor da dívida.
A amortização reduz o saldo devedor, e isso impacta
diretamente os juros futuros, pois eles são calculados sobre o saldo
restante. Logo, quanto mais você amortizar, menos juros você paga ao longo
do tempo.
Simulando na prática: com e sem amortização
Vamos comparar duas situações:
Situação A:
Financiamento SEM amortização antecipada
- Valor
financiado: R$ 240.000
- Prazo:
30 anos
- Juros:
9% ao ano
- Prestação
média (Tabela SAC): R$ 2.500 inicialmente
- Total
pago no final: cerca de R$ 505.000
Ou seja, você paga
mais do que o dobro do valor financiado, por causa dos juros ao longo de 30
anos.
Situação B:
Amortizando R$ 20.000 no 5º ano
Suponha que, depois de 5 anos, você recebe um dinheiro extra
e decide amortizar R$ 20.000.
- O
saldo devedor nesse ponto ainda está alto (cerca de R$ 215.000).
- Com
a amortização, você pode escolher:
Reduzir o valor das parcelas,
ou
Reduzir o prazo do
financiamento (o mais vantajoso financeiramente)
Se você escolher
reduzir o prazo:
- Pode
economizar em torno de R$ 45.000 a R$ 55.000 em juros ao longo do
financiamento.
Isso porque o banco recalcula os juros sobre uma dívida
menor, e por menos tempo.
Qual sistema de amortização é usado?
No Brasil, os dois sistemas mais comuns são:
- SAC
(Sistema de Amortização Constante):
A amortização é fixa, mas os juros caem ao longo do tempo. Com isso, as parcelas começam mais altas e vão diminuindo com o passar dos anos. É o mais utilizado pela Caixa Econômica Federal e bancos públicos. - PRICE
(Tabela Price):
As parcelas são fixas, mas no início você paga mais juros e menos amortização. Usado mais por bancos privados. Ao longo do tempo, o valor da dívida cai mais devagar.
Se possível, prefira o sistema SAC, pois você paga
menos juros ao longo do contrato.
Benefícios da amortização antecipada
- Economia
de juros: Quanto mais cedo você amortiza, maior a economia.
- Redução
do prazo: Pode se livrar do financiamento anos antes.
- Mais
tranquilidade: Ter menos dívida traz segurança e liberdade financeira.
- Valorização
do imóvel: Quitando antes, você pode vender ou alugar com mais
liberdade.
Dicas para amortizar de forma inteligente
✔️ Use o FGTS (se
permitido pelo banco) para amortizar uma vez a cada 12 meses
✔️
Guarde parte do 13º salário, restituição do IR ou bônus para fazer
amortizações
✔️
Evite comprar carro novo ou trocar de celular quando puder reduzir sua dívida
✔️
Sempre peça ao banco a simulação com e sem amortização para comparar os efeitos
✔️
Prefira reduzir o prazo, e não apenas o valor da parcela
Conclusão: amortizar é liberdade
Quando você entende
como os juros funcionam e usa a amortização de forma estratégica,
consegue economizar muito dinheiro e se livrar do financiamento bem antes do
prazo.
Lembre-se: quanto antes você começar a amortizar,
maior será sua economia. Não é só sobre pagar menos, mas sobre conquistar sua
liberdade financeira com inteligência.


