Em maio de 2025, o governo fez uma mexida no IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) que pegou muitos de surpresa.
Depois de receber backlash, recuou em algumas medidas — mas o Congresso Nacional barrou totalmente essa mudança em junho.
O resultado? Um efeito cascata nas finanças do cidadão. Vamos desvendar o que aconteceu, por que isso importa e o que você pode fazer a partir de agora.
O que é IOF?
O IOF é um imposto federal criado em
1966, que incide sobre diversas operações financeiras — crédito, câmbio, seguros, investimentos — com dois objetivos:
- Arrecadar,
gerando receita para o governo.
- Regular
práticas econômicas, como controlar a saída de dinheiro ao exterior ou
o uso do crédito.
Ele pode ser alterado rapidamente via decreto presidencial —
diferentemente do que ocorre com outros impostos, pois não precisa passar pela
regra de "anterioridade nonagesimal".
Onde o IOF incide — e quem paga
O imposto aparece em várias situações do dia a dia:
- 📞
Empréstimos e financiamentos (IOF cobrado no ato da liberação e
diariamente, acumulando até um teto);
- 💳
Cartões de crédito/débito internacionais e compras no exterior;
- 🌍
Câmbio e remessas ao exterior, inclusive de investimento;
- ⛑️
Seguros (prêmios pagos);
- 📈
Títulos, fundos e ações, no momento da compra ou resgate.
Ou seja… se você pede um empréstimo, faz uma compra no
exterior ou resgata investimento antes da data mínima de IOF zero (30 dias),
está pagando mais tributos.
O que mudou em maio de 2025 — e por quê
📅 Decreto de 22 de maio
(Decreto nº 12.466/2025)
Proposto para gerar mais receita — cerca de R$ 20,5
bilhões em 2025 e R$ 41 bilhões em 2026 — o novo decreto:
- Aumentou
IOF sobre crédito e financiamento PJ (de 0,38% para 0,95% na
contratação, e alíquota diária de 0,0082%);
- Aumentou
IOF sobre cartões internacionais e câmbio, fixando 3,5% (antes,
variava entre 1,1% e 3,38%);
- Criou
5% de IOF em VGBL/VGBL acima de R$ 50 mil por mês;
- Incluiu
ou alterou alíquotas em seguro, cooperativas, investimentos e previdência.
Essas mudanças são típicas do IOF extrafiscal — ou
seja, usadas para regular crédito, câmbio e capital — e valiam de forma
imediata.
Impacto direto no seu bolso
🧮 Trabalhar mais só para
pagar imposto
Segundo o IBPT, o brasileiro já trabalha 149 dias por ano só para pagar impostos. Com o IOF em alta, esse número sobe para 151 dias em 2025 e 153 dias em 2026.
Isso indica que o IOF jugular aumenta o
peso no orçamento sem trazer benefícios diretos visíveis para o cidadão.
💳 Cartão de crédito e
câmbio mais caros
Se você usa cartão internacional ou compra moeda no
exterior, o IOF subiu de 3,38% para 3,5%. Embora o aumento parecer pequeno, ele
eleva o custo de cada compra, viajando ou não, e pode significar milhares a
mais ao final do ano.
🏦 Empréstimos, crédito e empresas
O IOF nos empréstimos para empresas subiu. Para PJ, por
exemplo, a alíquota diária dobrou. Isso encarece o custo do capital e acaba
repassado para o consumidor via preços e serviços.
💼 Previdência, fundos e
brinquedos extrafiscais
O imposto aumentou ou foi criado para previdência privada e
fundos de investimento, embora algumas medidas tenham sido revertidas pelo
governo antes da derrubada final.
A derrubada do Congresso
Em 26 de junho, Câmara e Senado votaram para derrubar
o decreto, reestabelecendo as alíquotas antigas.
- Créditos,
câmbio e seguros voltaram aos patamares anteriores;
- Uma ressaca
legislativa foi causada, com ação do governo via STF.
Essa reviravolta trouxe momentos de incerteza: bancos
e corretoras tiveram que refazer sistemas; importadores e viajantes receberam
informações confusas; economistas alertam que a tempestade política pode
impactar confiança e inflação .
E agora? O que muda de verdade para você?
✅ Alívio – taxas voltam ao normal
Se você vai viajar, exerce câmbio ou faz compras com cartão,
o dobra de IOF acabou. As alíquotas voltaram a:
- 3,38%
para cartão e câmbio;
- Valores
baixos para crédito.
⚠️ Risco de nova tentativa
O governo já sinalizou que pode recorrer ao STF ou
propor uma medida provisória ou PL substitutivo para retomar parte das
alterações.
📊 Ambiente político e
econômico
A crise reflete o momento de tensão entre Executivo e
Legislativo. O governo defende a alta do IOF como parte de metas fiscais — o
Congresso discorda. Isso pode gerar mais instabilidade nos próximos meses.
Como isso afeta seu planejamento financeiro
1. Viagem ou câmbio
Se tinha planos de viajar ou comprar dólares: boas notícias
— o IOF continua antigo. Mas atenção a novos decretos!
2. Empréstimos e financiamento
Renegociações podem ser mais baratas agora, com IOF
estabilizado. Ainda assim, repense suas opções antes de contratar crédito.
3. Investimentos no exterior
Quem manda dinheiro fora — via corretoras ou VGBL — deve
ficar atento. A alta virá quando e se o decreto voltar.
4. Empresas e microempreendedor
Se você é MEI ou empresário, o novo IOF pode ter impacto no
custo do crédito — administrativo, estoque, capital de giro — dependendo do que
for aprovado ou não.
5. Orçamento familiar
Cada centavo conta no fim do mês. Apesar de pequenos, esses
tributos afetam no longo prazo.
Dicas para se proteger
- Monitore mudanças oficiais — acompanhe Diário Oficial e comunicações do BC e Receita.
- Adie
grandes transferências/extrato até consolidar alíquota fixa.
- Simule
antes de contratar crédito ou câmbio — banco ou corretora devem
mostrar o custo IOF.
- Opte
por opções sem IOF — como transferências domésticas, TEF, PIX.
- Esteja
pronto para retornar ao câmbio antigo se decretos reverterem.
Conclusão
O IOF pode parecer "pequeno" (alguns pontos percentuais), mas gera bastante impacto — tanto no bolso, quanto na economia.
A alta de maio de 2025 entrou, mexeu e depois foi abortada em junho, e o Congresso restaurou a antiga alíquota.
O ambiente político fiscal está tenso: governo pode recorrer ao STF, e o tema deve aparecer em mais temas fiscais estruturais (como reforma financeira mencionada por Haddad).
Resumo:
- IOF
é tributo extrafiscal, usado para arrochar crédito ou câmbio.
- Em
maio, aumentou (3,38 → 3,5%), mas foi revertido em junho.
- Aumento
recuado, mas maior instabilidade fiscal.
- Fique
de olho, planeje-se e use alternativas para evitar surpresas.


